quarta-feira, 11 de julho de 2012

Educação Griô: Lugar de Cultura Afro-Brasileira é na Escola!

Na semana passada, a Griô Aprendiz Adriana de Holanda e o Grupo Semente de Jurema participaram do Seminário DO AFRO AO BRAS, na cidade de Macaé - RJ.

 O seminário tinha como foco a capacitar educadores locais para a implementação da lei que obriga o ensino de Hisótia da África e da Cultura afro-braisleira em todas as  unidades educacionais brasileiras. O primeiro momento foi de fazer a roda das palavras girarem os pensamentos para longe de todas as dificuldades que se apresentam no cotidiano escolar e na vida, na direção de fazer com que os saberes da cultura popular e  que os mestres de comunidades tradicionais sejam respeitados.
         
 Estar no seminário foi um oportunidade de poder dialogar sobre intolerância que existe acerca da diversidade cultural, sobre a  possibilidade de espaços heterogêneos de escuta e fala, de  histórias híbridas, de mensagens, de saberes de povos, de coisas, de reinados africanos, de princípios, de ética e de formas sociais  diferentes daqueles que historicamente foram inculcadas  nas mentes dos estudantes brasileiros.



Mas estar no seminário nos impeliu a buscar a construção de caminhos efetivos para que a cultura negra e indégena faça parte do cotidiano da educação tanto formal como não-formal dos nossos estudantes brasileiros. A pedagogia griô nos provoca a construir esses caminhos, juntos, no coletivo, no encantamento da educação pela cultura...




Fomos nós também  colcoados a viver na prática  aquilo que falávamos...  Quando saímos do discurso racional;  passamos  para a vivência real da música, do fazer cultura, da ancestralidade do povo quilombola,  dos indígenas, de todos os fazedores de cultura  que  resistiram historicamente às ações da polícia, às práticas de extermínio, às agressões e desvalorização das políticas de estado...

Assim, Fomos  "convidados" a tocar, cantar e nos expressar cada vez mais afastados das salas de aula, apesar de fazermos parte da programação do evento. E fomos nos afastando cada vez mais, e quando pensávamos que conseguiríamos louvar nossos pretos, pretas, nossos mais velhos, nossos sábios analfabetos, mas de uma sabedoria infinita... Novamente fomos interrompidos....E sob a ameaça de sermos processados junto com os organizadores do evento pela banca de seleção de professores de um concurso que estava em curso. 

 Assim, em 10 minutos de cultura negra no espaço  educacional   e a roda da história dos saberes na escola gira e cria conflitos, mal-estar, impedimentos, ameaças.... Afastamentos! 

Nos cabe sempre perguntar por quê? 
Não de quem é a culpa... 
Mas do que todos nós, no nosso cotidiano, que muitas vezes somos vítimas de preconceitos e intolerancias estamos fazendo quando nos deixamos ser afastados dos espaços formais de educação...  

Por quê?

Por que será que é tão difícil a cultura negra ter o mesmo valor e respeito que as  provas, as notas, os números, os diários, os controles de frequencia, os livros e saberes  acadêmicos...

Quando faremos a "reforma agrária" da educação? 

Não se trata de uma disputa mas de  construir um caminho em que esses saberes o da cultura e da educação formal/tradicional tenham o mesmo espaço e o mesmo valor...

É por isso, que a pedagogia grio é uma trilha, que ainda precisa ser aberta na selva de pedra das relações sociais que foram produzidas na  mentalidade humana, das ações e valores humanos, que precisam ser sensibilizados, reconstruídos...

Agradecemos muito  a coragem dos organizadores do evento por terem nos dado a oportunidade de mostrar que  a cultura afro-brasileria ainda tem que lutar muito por sua valorização!

 Estamos juntos porque essa luta é real, é pela paz, pela liberdade, pela humanidade, por uma outra sociedade menos intolerante!

Educação Griô: lugar de cultura é na escola!

Um comentário:

  1. Olá! Vc tem o contato dos organizadores do evento?
    Sou grio aprendiz em aldeia velha, pertinho de macaé!
    beijos, obrigada, tadzia maya (tadziamaya@gmail.com)

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