domingo, 30 de dezembro de 2012

Diáspora Griô: Valorização e Disseminação dos Saberes e Princípios Africanos/Indígenas

 O projeto “Diáspora Griô” pretende formar um núcleo de valorização da diversi
dade  étnico 
cultural, com foco na sistematização das práticas educativas como forma de minimizar o 
preconceito e a discriminação étnico-racial, através da afirmação e disseminação das diversas 
sabedorias e formas de pensamentos dos diferentes povos de comunidades tradicionais. 
 
O movimento diaspórico trata de mapear a expansão do povo africano em vários continentes do 
mundo.  No Brasil,  a comunidade indígena, nos reserva esse legado de saber baseado no 
cuidado com  a natureza e com a terra como princípio fundamental da existência do ser humano. 

Assim, o projeto “Diáspora Griô” visa combater  o preconceito e a discriminação étnico-racial
com ações educativas, alertando  com informação e práticas de comunicação comunitária
os diversos setores da sociedade sobre os efeitos nocivos dessas praticas, que se constroem 
através da negação ao acesso ao conhecimento.  
 
Esse texto é uma primeira ação de comunicação e de circulação de informação sobre a 
necessidade de re-educação da população, uma re-educação que contempla necessariamente
a inclusão dos saberes dos “grios”, que são em suma,“bibliotecas vivas” (guardiões e 
transmissores dos saberes ancestrais) das comunidades tradicionais, como as africanas e as
indígenas. 
 
Com o povo africano e suas mitologias, que fundam uma cosmovisão, pode-se entender que 
OXUM é o princípio das  águas doces, força que traz fertilidade à terra, que faz nascer a vida: 
alimentos, plantas, seres vivos de várias espécies... Oxum não é só uma estátua, um “Deus 
que está no Céu”.  Ela é  fundamento da natureza, habita a força da água, seus mistérios e 
sua importância.  
 
Há um tempo só,  o princípio da água é ao mesmo tempo sagrado e profano, alimenta o corpo e
alma, é político e filosófico, é econômico e bélico, é saúde e morte, é sedução e luta. Nos 
mitos de OXUM  reside a beleza da vida, a riqueza da fertilidade. Muito distante da ideia de 
um deus que paira acima do nosso cotidiano, OXUM é um princípio de vida para as 
comunidades tradicionais africanas.  
 

Assim, quando sujamos o solo, a terra, e enchemos de lixo  produzido pelo nosso consumo de 
cidadãos televisionados e pelo capital que reina no cotidiano das nossas cidades, e sujamos as
beiras das cachoeiras e dos rios, estamos agredindo o princípio OXUM, estamos matando o 
princípio da fertilidade da vida. O Orixá não é um santo, tal como o santo das tradições cristãs.
Orixás são forças da natureza. 
 
Oxum vive na água doce, no rio, na cachoeira, no banho que você toma, na água que está no 
seu corpo, na água que te hidrata e te limpa, nos banhos sagrados que lavam a alma, na sua 
saliva, na sua lágrima. O princípio africano das águas está na sua vida a todo instante,
respeite a natureza, respeite a  sua vida e de seus descendentes. 
 
 
Nem Oxum nem os caboclos precisam de garrafas de plástico, sacos plásticos, fitas plásticas, 
garrafas de cerveja. Isso não faz parte da relação sagrada com a natureza, isso faz parte da 
visão capitalista, egoísta e destruidora do homem, da natureza e da vida.  Plástico (legado das
 empresas de petróleo) é material que agride o meio ambiente. 
 
 Sei que somos poucos, poluímos pouco diante das grandes empresas multinacionais, das 
corporações; mas com poucas pessoas se fazem grandes exemplos e com grandes multidões 
se fazem as sutis manipulações.  
 

 
 Essas imagens são de uma cachoeira que fica na serra de Nova Friburgo-RJ, cidade onde 
cresci, e todos os restos e lixos encontrados foram infelizmente deixados por  integrantes de 
religiões de matriz e africana no Brasil.  
 O Projeto “Diáspora Griô” pretende sensibilizar através da re-educação do povo de terreiro e 
da população em geral sobre os princípios filosóficos presentes na mitologia dos orixás 
africanos, para que possamos juntos  fazer com que o sagrado  esteja presente em  atitudes 
cotidianas, que seja alternativa aos valores do consumo  e do capital.  
 
Vamos respeitar o princípio filosófico das águas: o princípio da fertilidade e da riqueza da 
vida!E riqueza não é igual a dinheiro para o povo africano.   
 
 adriana@edugrio@gmail.com
 
Adriana de Holanda é Juremeira, Zeladora da Casa de Jurema do Rei Salomão, Psicóloga,
Iawo de Iansã no Ilê Axé Oxalá Talaby- Pernambuco (Candomblé Nagô), Mediadora da Rede 
Educação Griô (REINVASÃO AFRICANA E INDÍGENA) gestora de projetos em educação, 
saúde e cultura pela UFF/FIOCRUZ.  
 
 
 
 
 

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